O velho não compreende mais o que o surpreendeu naquele dia de chuva grossa e poeira. Era tarde pra lembrar já que as costas doídas declaravam guerra contra seus exaustos calcanhares e suas magras pernas. Era tarde pra saber o que lhe atingira a tempos atrás e só agora foi perceber o caos em que se encontravam as bolsas muito intimidadoras e inteiramente assustadoras abaixo de seus olhos entristecidos no tempo. Quando observa a porta aberta e na fresta estendida nota o verde do ambiente externo, não pode assemelhar nada que internamente mostrasse o mesmo vigor, pois na sala escura o que notou foram as fotos empueiradas vestidas em porta-retratos velhos e sem vida. E num acesso de tristeza e dúvida, pois-se a chorar incontidamente lamentando as cores da parede. A tempos quis saber se a doença que lhe acometeu pode ainda ser tão cruel quanto a visão que tem da própria sala e se a morte seria enfim o descanso dessa alma fajuta diante da imensidão de uma vida imcompleta? As roupas, as mesmas roupas, contavam uma história descrita por uma vida sofrida e desestimuladora. É de se estranhar as chaves do carro agora que não deseja mais movimentá-las ao menos para guardá-las no ármario. O relógio pendurado toca como uma orquestra o seu tic tac constante causando frustração e ansiedade no velho que quase enlouquecido sugere a vontade de exprimir um grito que é interrompido por uma tosse aguda que o constrange, forçando-o a abaixar a cabeça reencostando-a contra os braços, apertando assim os olhos como quem quer esquecer-se logo.
O coração aviuvado azeda o clima funebre desta sala imundada de lágrimas de dor possuídas pelo velho que não pode mais seguir nos seus passos de rapaz novo. A dolorosa condição o faz refletir de imediato sobre sua necessidade humana de tomar o copo com’água parado em cima da mesa. Era tão humano o ato de levantar-se e naturalmente tomar o copo com água, qualquer que fosse o obstáculo. Agora é imprecindível girar os pneus da cadeira rumo a um caminho que não se tem certeza mais de querer chegar.
Aprofundando em seus obscuros pensamentos imagina na solidão, se acaso não haja ato que fosse bom sem nobreza que não estivesse vinculado à escravidão? Pois o herói vive preso, imóvel, na eterna ação. E o heróico ato de mover-se, lhe daria motivação sem glória e sem público. Seria esquecido por si mesmo, estaria ignorado na existência por não ser eterno o próprio existir, mas o ato em si que lhe causou comoção ainda foi de um covarde. Condenado como um herói do passado agora vive a agonia do presente como um covarde que nunca lutou.
Enojado da situação esdrúxula que vive, inconstante e sóbrio, ainda que queira embebedar-se de vinho para arrancar de si um pouco de consciência e livrar desse mau que é viver. A mente que vegeta, fagocita seu interior cheio de vermes da razão. Cada vez torna mais claro que a memória virá para dar-lhe de volta mais consciência. Como a noite, ele vê o dia ao lembrar dos cabelos amarronzados da moreninha que deixou sentada lhe esperando num café burguês e que nunca voltou pra buscar. Daí outras moreninhas vieram, até se cansar outra vez! Já era tarde da noite de um domingo chuvoso e o velho rapaz olha a janela, nota a caminhada de uma jovem moça que o tempo não soube estragar, era a velha moreninha que ao dar mais um passo encontrou seus lábios noutro jovem homem que a esperava por lá.
O coração aviuvado azeda o clima funebre desta sala imundada de lágrimas de dor possuídas pelo velho que não pode mais seguir nos seus passos de rapaz novo. A dolorosa condição o faz refletir de imediato sobre sua necessidade humana de tomar o copo com’água parado em cima da mesa. Era tão humano o ato de levantar-se e naturalmente tomar o copo com água, qualquer que fosse o obstáculo. Agora é imprecindível girar os pneus da cadeira rumo a um caminho que não se tem certeza mais de querer chegar.
Aprofundando em seus obscuros pensamentos imagina na solidão, se acaso não haja ato que fosse bom sem nobreza que não estivesse vinculado à escravidão? Pois o herói vive preso, imóvel, na eterna ação. E o heróico ato de mover-se, lhe daria motivação sem glória e sem público. Seria esquecido por si mesmo, estaria ignorado na existência por não ser eterno o próprio existir, mas o ato em si que lhe causou comoção ainda foi de um covarde. Condenado como um herói do passado agora vive a agonia do presente como um covarde que nunca lutou.
Enojado da situação esdrúxula que vive, inconstante e sóbrio, ainda que queira embebedar-se de vinho para arrancar de si um pouco de consciência e livrar desse mau que é viver. A mente que vegeta, fagocita seu interior cheio de vermes da razão. Cada vez torna mais claro que a memória virá para dar-lhe de volta mais consciência. Como a noite, ele vê o dia ao lembrar dos cabelos amarronzados da moreninha que deixou sentada lhe esperando num café burguês e que nunca voltou pra buscar. Daí outras moreninhas vieram, até se cansar outra vez! Já era tarde da noite de um domingo chuvoso e o velho rapaz olha a janela, nota a caminhada de uma jovem moça que o tempo não soube estragar, era a velha moreninha que ao dar mais um passo encontrou seus lábios noutro jovem homem que a esperava por lá.
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