quinta-feira, 30 de julho de 2009

Meninas do Rio



Á beira da morte John me encontrou/Estava sorrindo tanto quanto um milionário iludido/ Mas estava sufocado de dor/ Eu é que não reparei quanto/ Estava tonto e feliz/ Queria contar-lhe meus desatinos para que juntos corrêssemos à morte atados em laços solidários/ Queria jogar-me desse abismo, ao menos me salvaria dessa dor/ Eis que John surge com sua perfeição/ acaricia meu rosto/ A cavalaria se aproxima ritmando o som do meu peito/ Olhando para o fundo do abismo reparo a sua altura quase infinita/ É noite, preciso partir/ É dia, não sei mais sonhar/ John agarra-me num abraço de ternura, põem-se a recitar/ Recita o que não mais entendo, mas posso esperar/ Na paciência é que descobri o passo para o equilíbrio/ Há um caminho que se cruza e que lhe pode ajudar/ Não é definitivo, mas pode curar/ Assim me afastei um pouco/ Prorrogando a hora de me jogar.

O velho



O velho não compreende mais o que o surpreendeu naquele dia de chuva grossa e poeira. Era tarde pra lembrar já que as costas doídas declaravam guerra contra seus exaustos calcanhares e suas magras pernas. Era tarde pra saber o que lhe atingira a tempos atrás e só agora foi perceber o caos em que se encontravam as bolsas muito intimidadoras e inteiramente assustadoras abaixo de seus olhos entristecidos no tempo. Quando observa a porta aberta e na fresta estendida nota o verde do ambiente externo, não pode assemelhar nada que internamente mostrasse o mesmo vigor, pois na sala escura o que notou foram as fotos empueiradas vestidas em porta-retratos velhos e sem vida. E num acesso de tristeza e dúvida, pois-se a chorar incontidamente lamentando as cores da parede. A tempos quis saber se a doença que lhe acometeu pode ainda ser tão cruel quanto a visão que tem da própria sala e se a morte seria enfim o descanso dessa alma fajuta diante da imensidão de uma vida imcompleta? As roupas, as mesmas roupas, contavam uma história descrita por uma vida sofrida e desestimuladora. É de se estranhar as chaves do carro agora que não deseja mais movimentá-las ao menos para guardá-las no ármario. O relógio pendurado toca como uma orquestra o seu tic tac constante causando frustração e ansiedade no velho que quase enlouquecido sugere a vontade de exprimir um grito que é interrompido por uma tosse aguda que o constrange, forçando-o a abaixar a cabeça reencostando-a contra os braços, apertando assim os olhos como quem quer esquecer-se logo.
O coração aviuvado azeda o clima funebre desta sala imundada de lágrimas de dor possuídas pelo velho que não pode mais seguir nos seus passos de rapaz novo. A dolorosa condição o faz refletir de imediato sobre sua necessidade humana de tomar o copo com’água parado em cima da mesa. Era tão humano o ato de levantar-se e naturalmente tomar o copo com água, qualquer que fosse o obstáculo. Agora é imprecindível girar os pneus da cadeira rumo a um caminho que não se tem certeza mais de querer chegar.
Aprofundando em seus obscuros pensamentos imagina na solidão, se acaso não haja ato que fosse bom sem nobreza que não estivesse vinculado à escravidão? Pois o herói vive preso, imóvel, na eterna ação. E o heróico ato de mover-se, lhe daria motivação sem glória e sem público. Seria esquecido por si mesmo, estaria ignorado na existência por não ser eterno o próprio existir, mas o ato em si que lhe causou comoção ainda foi de um covarde. Condenado como um herói do passado agora vive a agonia do presente como um covarde que nunca lutou.
Enojado da situação esdrúxula que vive, inconstante e sóbrio, ainda que queira embebedar-se de vinho para arrancar de si um pouco de consciência e livrar desse mau que é viver. A mente que vegeta, fagocita seu interior cheio de vermes da razão. Cada vez torna mais claro que a memória virá para dar-lhe de volta mais consciência. Como a noite, ele vê o dia ao lembrar dos cabelos amarronzados da moreninha que deixou sentada lhe esperando num café burguês e que nunca voltou pra buscar. Daí outras moreninhas vieram, até se cansar outra vez! Já era tarde da noite de um domingo chuvoso e o velho rapaz olha a janela, nota a caminhada de uma jovem moça que o tempo não soube estragar, era a velha moreninha que ao dar mais um passo encontrou seus lábios noutro jovem homem que a esperava por lá.

A porta



_Estou negra de raiva, como a noite curta e o dia longo que me fazem usar as magras carnes que tenho pra rezar missas que vendo, não compro e pouco recebo!
_Ai de novo, onde já se viu uma porta abrir assim de mansinho com esse NHEC NHEC rangendo. Absorve meu Deus o barulho, pra mim não dá nem pra respirar. Estou muito aflita, melhor me cegar. PARE DE ABRIR PORTA INÚTIL!! Não vê que estou mandando. Mas ela continua, nada posso fazer... se de mansinho for abrindo e esse burburinho reclamador não parar, ela vai me dominar!!!!... mas percebo enfim, que a porta não tem olhos pra ver, boca pra falar, ouvidos pra ouvir: ela é o próprio povo!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O enigma do Tesouro



Tem um mundo, um mundo que é só meu e que não divido com ninguém. Um mundo paralelo e distante. Há de se ter arco, flecha muscoggee e coragem para se chegar até ele. Não é safe e Não necessita da luz do dia. Neste mundo, guardo um mapa de um tesouro que só eu sei achar. E se o tempo que me foi dado cessar, então para sempre meu tesouro se perderá! (2 palavras) - Atlântico
Há um mundo, um mundo que é só meu e que não divido com ninguém. Um mundo paralelo e distante. Nele nenhum marujo leviano hei de desbravar, podem trazer ships e cordas que sem luz não poderão encontrar. Homens aos montes morreram por lá. É bom de peixe, mas se tem que arriscar. Neste mundo tem um mapa de um tesouro que só os bravos podem encontrar. Como Pearl. E se o tempo que me foi dado se esgotar, então meu tesouro se perderá. (2 palavras) - Pacífico
Existe um mundo, um mundo que é só meu e que não divido com ninguém. Um mundo paralelo e distante. Não há ventilação e as cordas são desnecessárias, sigam as setas brilhando e os dinossauros de branquias não conseguem chegar, a luz vai ajudar a avistar, mas neste lugar o homem não pode suportar. Meu nome se repete sem precisar aumentar mais um. Neste mundo tem um mapa de um tesouro que só os homens de bom coração poderão dissernir. E se o tempo que me foi dado cessar, então meu tesouro, onde estará? (3 palavras) Pacífico
Dica: são 3 lugares no mundo! (podem ou não existir nos dias atuais)

O Homem



O homem parado, sentado ali na esquina, bem quieto, chamou minha atenção logo cedo. Descia de carro uma rua estreita e o vi com as roupas esfarrapadas olhando profundamente o asfalto. O olhar de certo mais perdido que o meu, fez atinar nesta minha mente perguntas que só o arco da velha poderiam responder. Enquanto eu me preocupava com minha vida, lá estava um homem que mal sabia se tinha vida pra se preocupar. Devia estar mais de dias, acho que mês, mas pode ser até ano, sem tomar um banho decente que fosse. É que eu estranhei tamanha ignorância a nossa ao perceber que quando ele se levantou pra pedir sua esmola do dia (santo salário do mês), ele mesmo parou e ficou observando os carros, inclusive o meu, a aguardar o sinal abrir. Os olhos não eram aqueles de clemência não. Nem de desejo material. Eram olhos parados, frios, que nada entendiam, e que não queriam estar ali. Daí, coloquei a primeira marcha e sumi pensativa me dando conta que esqueci o que ia fazer, dei a volta. Chegando em casa quebrei o porquinho, fui a pé até uma mercearia e depositei 8 moedas de valores que não lembro na caixinha de doações para um Hospital, não tenho certeza do por que, nem quando, mas no futuro, um número na prancheta me reservará um lugar.
Se estiver certa, estarei um dia, como muitos, inválida numa cama com o mesmo olhar, compartilhando de um sentimento similar, e fadada ao destino aparentemente cruel, não querendo estar ali e ao mesmo tempo, não podendo não estar.

Conhece-te






Meu nome é Pare, tenho 23 anos, mas já faz dez anos isso, você não descobrirá minha idade, porque dentro desta idade existem anos que o tempo não contou... E se quis esquecer desse tempo, no tempo em que era cedo pra lembrar, é que descobri muito tarde, enfim, o que era amar...