quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dormindo Desperto

Ela estava tranquila, observava os pássaros ao longe plainar sob as nuvens que se iluminavam com os raios de sol. Era um dia cheio de sons, alguns ruídos estranhos, mas era um dia incomum. Estava tudo tão calmo que se podia ouvir até o inócuo pouso de uma libélula na água represada. Ainda era dia. Não tinha lembranças, desejos, sonhos para guardar ou experimentar. Estava despida de interferências. Apoiando uma das mãos sob a àgua, analisava sutilmente a sensação do intermédio entre tocá-la e exitar. Os pés rossavam o chão como que pesquisasse algo raro. Girou o corpo e tateou o solo, amontuou uma porção de terra que esfacelou apertando forte por entre os dedos. Ergueu-se e se apoiou numa rocha equilibrando com as mãos num dos galhos baixos. Um roedor passou rente seus pés e sumiu no mato.
Um solo imaculado que podia sentir. Sentir as pesadas pisadas que ela tinha. Ela não sabe, nem mesmo o solo porque dói.

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