sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A Longa Jornada




Um dia fui visitar Deus, mas Ele não estava em casa. Queria perguntar se Ele sabia onde se escondia o descuidado do meu amor. Vaguei mundo afora, mudando pra todo lado, fui buscar o que eu mais queria sem saber se encontraria. Outro dia vivi na terra onde o doce brotava do chão, de lá fabricavam a cachaça que esquentou meu coração. Cansada desse mundo febril já que o doce logo amargou, fui buscar noutra terra, fui saber do meu amor. Chegando na terra bonita de capelas bem no alto que dizem:"Pro Senhô", guardei ligeiro as feridas e fui vagando rumo a ex rua do vô. Logo deixei de procurar o velho Senhô, eu acho até que Ele, com a tamanha autoridade, num ato de bondade, foi dando 'linha' nesse diabo do amor. Numa sem fim braveza, disse pra quem quisesse ouvir:-É isso, Eles não vêm, nem o Senhô atarefado com o mundo e nem o amor envelhecido com o tempo, de mim esqueceram-se os dois.
Tratei de ir vendo esse mundo de boi e de gente, uma coisa só. Daí, mais um tempo, e cansei da monotonia, mudei de volta pra minha agonia, deixei o Sertão da Farinha Podre pra fazer de novo outra nova moradia.
Foi aí que eu estava enganada,entendi no meio da caminhada, quando a estrada ia pegando, olhei pro céu azulado com os olhos cheios de espanto, a luz iluminou todo o vasto campo e lá longe avistei humilde um jovem senhor miudo que lá "envinha" chegando, a mulher na casinha encostada abria a porta num sorriso e logo o homem foi abraçando. E nessa hora cheia de saudade que percebi ligeiramente, o Deus que eu tanto procurava, dava a cada amor uma morada, e por mais longa fosse a jornada seus filhos com alegria a ela chegava.

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