Por pior que possa parecer a natureza humana, não há engano, ela é ainda pior que nossos pensamentos podem interpretar, é ainda mais confusa e mais complexa. A natureza humana não passa de um grande labirinto que não está sujeito a ser revelado por nenhum filosófo disponível na literatura. Tem nela um prazer, um amor e uma ilusão querendo ser destilados nos corpos e bocas que possam encontrar por ai.
Ao tentar esconder este labirinto que todos possuimos, quando fazemos besteira, fica óbvio o aparecimento dos pálidos arrependimentos.
Veja bem, parece-me que a classe dos XY que entende-se como homens de fato, está cada vez mais disfarçando a própria natureza (não que muitas mulheres se safem desta máxima). Merece dizer que, cada vez mais, se escondem, por ser assim mais confortável e aparentemente mais fácil iludir-se entre as relações humanas. Não posso discordar que se sentem em vantagem, mas esta vantagem é só uma miragem, é um oásis no vento, já que a ilusão está equilibrada ao prazer e na mesma proporção, se a dosagem de ilusão for maior, a medida do prazer será tantas vezes menor.
O prazer só se iguala à amor na circunstância única de estarem na balança apenas eles equilibrados. E não há, de forma alguma, prazer, ilusão e amor, que juntos possam resultar de algo bom numa balança.
Há valores mais profundos que estão guardados no interior dos labirintos da natureza humana, que vez ou outra surgem num momento epifânico, nos enfraquece e nos mostra todos os erros, daí, neste momento, notamos o que perdemos e o que ganhamos quando ao sermos às vezes egoístas, deixamos passar o que nos foi dado. A balança se desequilibra e, mais do que certo, enxergamos o peso dobrado que possui a ilusão.
E diz assim o querido Zé Ramalho:
"Não vou me sujar/Fumando apenas um cigarro/Nem vou lhe beijar/Gastando assim o meu batom/Quanto ao pano dos confetes/Já passou meu carnaval/E isso explica porque o sexo/É assunto popular..."
E disso, tem razão, as ilusões são frágeis demais para se possuir, para se ter nas mãos. São como a areia da praia que seguro com força, ela, aos poucos, vai desfarelar-se entre meus dedos. E no mais, é melhor ir embora, para que não haja lama que cubra os olhos, línguas que conduzam os caminhos, forças que apelem para o tempo nublado. A ilusão não pode pesar a balança e a natureza humana, por pior que seja, não pode ser tratada como simples, pois, podemos sim, através dela, enxergar o que melhor pode caber na balança. Não se igualar às ilusões é usar como escudo a razão e como espada as experiências do coração.
Para aqueles e aquelas que se sentem melhor fechando os olhos, é notório a resultante desse foguete descontrolado. Tudo que sobe, desce. É o que dizem sobre a gravidade!
A circunferência tem 360º, se sua vida é uma, não é novidade que a insegurança faça parte de todos os seus caminhos. Se quer descobrir como sair da circunferência, faça uma reta, pois um ponto é uma reta e nem por isso deixa de ser infinito.
Diz assim Bob Dylan:
"Quantas vezes olharemos o céu/Antes de saber enxergar?
(...)Quantos anos pode uma montanha existir/Antes do mar lhe cobrir?
Quantas cabeças viraram assim/Fingindo não poderem ver?"